domingo, 2 de abril de 2006

Resenha Crítica - O SEGREDO DE BROKEBACK MOUNTAIN

Fonte das fotos:
- cartaz: adorocinema.cidadeinternet.com.br
- atores: www.cinemaemcena.com.br, exceto Anna Faris e Anne Hathaway (adorocinema.cidadeinternet.com.br)
- personagens: adorocinema.cidadeinternet.com.br

Título: O Segredo de Brokeback Mountain
Título Original: Brokeback Mountain

Produção: Diana Ossana e James Schamus
Distribuição: Focus Features / Europa Filmes (Brasil)
Diretor: Ang Lee
Roteiro: Larry McMurtry e Diana Ossana - baseado em estória de Annie Proulx
Data de estréia:
2005
Estréia no Brasil: 2006



Elenco:
Jake Gyllenhaal (Jack Twist)
Heath Ledger (Ennis del Mar)
Michelle Williams (Alma del Mar)
Anne Hathaway (Lureen Newsome Twist)
Linda Cardellini (Cassie Cartwright)
Anna Faris (LaShawn Malone)



Fonte: adorocinema.cidadeinternet.com.br/

Heath Ledger e Jake Gyllenhaal


Quando as primeiras notas sobre “Brokeback Mountain” começaram a pipocar mundo afora – especialmente na Internet, logo começaram as especulações a respeito do Oscar®. Mas, enfim, chegou o tempo... Campeão em indicações, três prêmios... mas o prêmio principal foi para “Crash”...


Realmente, se era para premiar um filme tão mediano como “Crash – No Limite”, era melhor ter dado o prêmio para “O Segredo de Brokeback Mountain”, mesmo. Mas isso não quer dizer que eu creia que o filme mereça tanto.


O taiwanês Ang Lee, mais uma vez, oferece um filme de brutal sensibilidade, mas o tema homossexualismo não lhe é novidade – ele tocou no assunto de maneira muito mais corajosa no ainda mais belo “Razão E Sensibilidade”. Sua direção mostra apenas que ele continua mostrando temas ditos ousados com uma sensibilidade que, por vezes, chega a suavizar tudo. Mas, justiça seja feita, isto não desmerece as qualidades da fita, e a suavização está longe de ser um defeito da película.


Para quem ainda não viu as desventuras de Jack e Ennis – o que eu, particularmente, acho muito difícil – não pode perder a oportunidade de ver, sob o risco de acabar sem conhecer um filme que, desde já, é um marco na história da sétima arte.


No verão de 1963, os jovens Jack Twist (Jake Gyllenhaal) e Ennis del Mar (Heath Ledger) se conhecem, indo trabalhar como pastores de ovelhas guiando-as pela montanha Brokeback (você achava que o título se referia a quê, caro(a) leitor(a)?). Com personalidades completamente dispares – Ennis é quieto e calado, enquanto Jack é expansivo e brincalhão –, ambos cultivam uma crescente amizade, que ultrapassa todas as fronteiras, e se transforma em um romance que dura quase vinte anos.


Mas como estamos nos E.U.A. e a época era ainda pré-Stonewall, não é difícil prever que ambos não ficam juntos de primeira. Após a temporada em Brokeback, ambos seguem seus caminhos, se casando e constituindo família – Ennis se torna empregado em uma fazenda e se casa com Alma (Michelle Williams), enquanto Jack tenta a sorte nos rodeios – seu sonho – até se casar com Lureen Newsome (Anne Hathaway) e ir trabalhar como vendedor de carros na loja do sogro. Apesar disso, ambos seguem se encontrando esporadicamente na montanha até o derradeiro final.


Fonte: adorocinema.cidadeinternet.com.br/

Heath Ledger e Michelle Williams


O filme é facilmente ser tachado como western gay. Mas, obviamente esse termo não sobrevive nem a cinco minutos de filme assistido. A adaptação de Diana Ossana e Larry McMurtry para o conto de E. Annie Proulx é segura e competente (não à toa, vencedora do Oscar®), e dá um destaque especial a Ennis, o que é compreensível, pois, sob certo ponto de vista, é mais importante que uma conexão maior seja estabelecida entre o público e ele – coisa que só poderá ser entendida no final. O ritmo da fita se perde muitas vezes, tornando-o cansativo e até mesmo chato em certos momentos (talvez uns quinze minutos a menos de fita não fariam mal algum ao resultado final), mas o resultado se mantém satisfatório todo o tempo. Ao fim da sessão, o espectador pode chorar ou não, mas será impossível haver alguém que não saia da sessão sem pensar. Seja bem, seja mal dos personagens, seja no amor, seja em chances que deixamos passar... outro ponto forte deste roteiro é este: não esconde nada, nem julga quem quer que seja: apenas mostra os fatos. A interpretação é livre e independente para cada pessoa que o assiste.


A fotografia é simplesmente espetacular, principalmente as tomadas na montanha Brokeback, um trabalho de mestre de Rodrigo Prieto. Outro trabalho maravilhoso e também ganhador do Oscar® foi o de Gustavo Santaolalla, com sua trilha impecável, principalmente na canção “A Love That Will Never Grow Old”, ganhadora do Golden Globe® de Melhor Canção.


É nas interpretações que encontramos os destaques e o ponto fraco do filme. O australiano Heath Ledger encontrou em Ennis o papel perfeito para se mostrar como um ator de talento, e deixar de ser uma jovem promessa de Hollywood. O fazendeiro calado e introspectivo é mostrado com maestria, principalmente em seus momentos de travamento e incapacidade de demonstrar suas emoções. Isso sem falar no perfeito sotaque do sul estadunidense, que é algo muito difícil.


Outra interpretação digna de nota é a de Linda Cardellini. Mais conhecida do publico brasileiro como a enfermeira Samantha do seriado “Plantão Médico” (E.R.) ou, para se ter uma referência menos honrosa, como a Velma nos dois filmes do Scooby-Doo, ela consegue passar grande despojamento como um interesse amoroso de Ennis após seu divórcio. Por outro lado, Jake Gyllenhaal consegue ser completamente canastrão até o último quadro disponível de fita na pele de Jack Twist. Não que isso seja um grande problema (o que não seria de Jack Nicholson?), mas alguém que usa e abusa de recursos de interpretação acaba várias vezes apagado diante da interpretação densa e segura de Heath. A interpretação duvidosa fica por conta de Anne Hathaway. Vinda de comédias da Disney (ela foi a tal princesa dos dois “Diários”), ela mostra não ter medo de ousar ao mostrar os seios em uma de suas primeiras cenas no filme. Mas não possui carga dramática suficiente para fazer frente mesmo à sua grande cena, quando sua personagem está só, falando ao telefone com Ennis.


Em contrapartida, este poderia ser o filme das vidas de Jake e Heath, mas o filme ganhou, no fim, uma DONA. É Michelle Williams. Depois de anos num papel marcante na mente do publico (ela ainda é lembrada como a Jen do seriado “Dawson’s Creek”) e um número sem-fim de papéis em filmes ou pequenos ou duvidosos (alguém lembra de “H20”?), ela mostrou todo o seu potencial dramático como a reprimida e envergonhada Alma del Mar, roubando todas as cenas das quais fez parte.


Por todos estes motivos, “Brokeback Mountain” talvez não seja um filme digno de ganhar o Oscar® principal (na minha modesta opinião, realmente não o é), mais ainda assim é um filme digno e, por que não dizer, um marco na história do cinema estadunidense. Ao falar de um amor idealizado, que não poderia ser vivido realmente, fosse homo ou heterossexual, Ang Lee coloca na montanha Brokeback a ilusão do local perfeito, ao contrário do mundo da mesmice representado pela janela do trailer de Ennis.


Fonte: adorocinema.cidadeinternet.com.br/

Jake Gyllenhaal e Anne Hathaway


“Jack, I swear...”



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Tom

14 comentários:

  1. Da próxima vez, mesmo que o final seja previsível, não o conte![tenha medo da morte, risos].

    Um excelente filme,com algumas supresas[ a Michelle Williams, am?] e algumas atuações duvidosas... Muito bom...mas a vitória de Crash era bem previsível.

    Nota 9.0 na minha modesta opinião.

    02/04/2006, 10:53

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  2. Mas eu não contei o final, digníssima colega...

    02/04/2006, 13:24

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  3. Aeeeeee TOMMMM...
    nossa.. preciso ver esse filme.. senão não tem graça... é igual aquele carinha mala que passa na fila do cinema falando: A Mocinha morre no final... quem matou foi o bandido... aeuhaeuhaeuhaeuheauhea
    mas valeu o toque... estarei sempre por aqui.

    abração

    02/04/2006, 14:09

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  4. Você tem quantos blogs mesmo? Eu gosto de comentários de filmes. Já conheci um Tom que comentava sobre filmes aqui na net. O cara era muito bom. Por acaso não seria você o mesmo Tom? VaLeU!


    03/04/2006, 08:51

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  5. Koeh Tom, pow, esse filme parece ser mto dramatico e eu nao gosto de filmes assim, prefiro "O Cruzeiro das Loucas" XD

    03/04/2006, 14:19

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  6. Maravilhoso
    Só pra variar né Tomzinho
    Ficou perfeito esse novo blog
    Beijos

    03/04/2006, 18:59

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  7. Acho que quando existe uma boa história, não há problema de rótulos.

    http://dudv.blogpost.com/

    03/04/2006, 19:44

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  8. Excelente texto, Tom! Bem escrito, bem sintetizado e muito bem ilustrado pelas belas fotos. Eu ví o filme, gostei demais e até mesmo escreví a respeito no meu blog. Eu também tenho dúvidas se ele mereceria mesmo o Oscar, embora não tenha visto todos os indicados. Mas entre Crash e Brokeback, este último seria melhor opção (na minha modesta opinião, claro!).
    Quanto ao Ghandi versão séc.XXI, é possível, sim, que exista algum por aí... afinal, os sonhos ainda não morreram.

    Abração.

    03/04/2006, 22:27

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  9. Discordo da Lia, que comentou dizendo que a vitória de Crash era previsível. Até o coitado do Tio Jack [Nicholson] ficou horrorizado com o resultado, que realmente, não fez jus ao filmaço que é Brokeback.

    Para mim, Crash é apenas um "Magnólia" com um tema social.

    Brokeback é legal, meio superestimado, mas bem melhor que Crash. MUITO melhor.

    Abraços!

    04/04/2006, 00:29

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  10. Tom, vim agradecer tua visita e palavras, segui teus passos e gostei muito do teu espaço. Estou aguardando o filme "Brokeback Mountain" sair em DVD, pois aqui onde moro, só temos um cinema, e ainda não passou o filme. Quero muito assistir, pois me contaram que a fotografia do filme é belíssima.Vou te linkar, assim poderei vir te visitar sempre. Tenha um dia feliz. Grande abraço da tua mais nova amiga.

    04/04/2009, 08:05

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  11. Quando li o conto da escritora Anne Prouxl que serviu de base para que o diretor Ang Lee montasse O Segredo de Brokeback Mountain não fiquei muito entusiasmado. Nâo pelo fato de se tratar de um filme sobre um casal de cowboys gays, mas a narrativa era muito monótona. Veja bem: não estou dizendo com isso que Crash - No Limite seja um espetáculo cinematográfico. Mas, se pararmos para pensar, acredito que o oscar para este último seja mais sensato. Pesemos na balança qual a injustiça mais antiga: contra os grupos homossexuais ou contra as minorias étnicas? Acredito que a academia - injustiças à parte (vide a derrota de Paradise Now) -está seguindo um caminho bem mais desafiador do que em tempos passados. No ano anterior tivemos o vencedor falando de eutanásia. Este ano temos um vencedor abordando o preconceito racial. Espero que pelo menos os votantes sigam essa conscientização por mais tempo, não permitindo que porcarias como Beleza Americana, do diretor Sam Mendes, voltem a vencer o prêmio. Abraços.

    04/04/2009, 09:59

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  12. Tom: Contou que os dois não ficam juntos, embora a gente espere que isto aconteça não precisa dizer, am?

    Luiz, previsível sim...Eu pelo menos, apesar de achar que o Brokeback merecia, não tinha a ilusão que ele vencesse pelo fator: PRECONCEITO.

    04/04/2009, 22:06

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  13. kra assisti o filme na Globo e fiquei com uma grande dúvida quem matou o cowboy fala blz

    04/01/2009, 11:57

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  14. Eu não assisti esse filme todo, sempre assisto algumas cenas. Quando tiver oportunidade, irei assisti-lo e saberei comentar bem sobre ele!
    Tooommm, um cheiro

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