sábado, 10 de janeiro de 2009

Geni e o Zepelin

"...tava na frente de casa conversando com o (...)[um amigo] aí uma puta de uma velha que mora no predio em frente ficou reclamando de la de cima e eu sem ouvir, (...)[meu amigo] ouviu e me avisou, aí eu parei de falar e escutei ela dizendo, ouw (não sei quem) chame aí o guincho pra tirar esse carro debaixo dessa arvore que isso aqui não é motel não
diz:
aí eu virei contudo e comecei a gritar feito uma doida na porta do predio: COMO É SUA VELHA SAFADA? VOCÊ ME RESPEITE VIU
aí ela começou a gritar de volta: ME RESPEITE VOCÊ
aí eu nem deixei ela falar e comecei a gritar de volta: VOCÊ TÁ PENSANDO QUE TÁ FALANDO COM QUEM SUA VAGABUNDA?
e foi feita a baixaria"


A situação relatada a mim esta semana me deu a idéia da coluna deste mês.
Primeiro, pensei nos preconceitos que carregamos conosco quando crescemos.
Depois, minha cabeça foi até "o que os olhos vêem" - o que leva diretamente ao tema "preconceito", novamente.
No fim, tanto um como outro são os frutos da sociedade em que se vive, pois são eles que incutem as "diferenças" entre os seres humanos. Há um documentário ganhador do Oscar (me foge o título à mente, agora, e estou com preguiça de procurar), em que crianças israelenses e palestinas brincam juntas, se encontram e discutem muitas questões francamente. Em qualquer momento eles se atacaram ou falaram barbaridades. Mas num reencontro anos após, é latente a mudança de opinião de alguns. Podemos observar mesmo no nosso dia-a-dia: passe em um parque próximo à sua casa - qual é a mãe que vai deixar que seu filho brinque com uma criança de rua? Ou mesmo... veja um casal encostado num poste, juntinhos. Quem nunca ouviu (ou pensou) "Arrumem um quarto!", que jogue a primeira pedra virtual. Foi duro de ler, eu sei. mas não menos verdadeiro.
Eu mesmo me confesso muito maldoso. Mas tenho consci6encia disso e procuro conviver com este defeito lembrando de uma frase simples: "cada macaco no seu galho." A vida alheia pouco ou nada me diz respeito, e a minha já é bagunçada o bastante pra que eu vá me ocupar de tentar arrumar outras.
A senhora do caso mostrado simplesmente não aceitou que duas pessoas possam conversar normalmente em um carro embaixo de uma árvore. Certamente, ela não deve sequer andar de carro, portanto. E encontrou alguém que não leva desaforo para casa, resultando em embate - num português mais claro: BARRACO.
É muito difícil conviver, hoje em dia, porque creio que se perdeu a noção da vida em comunidade de que o ser humano sempre foi dependente. Em tempos onde o individualismo virou moeda principal e corrente, parece que o ser humano esqueceu dos valores da convivência e da empatia, querendo fazer valer apenas os SEUS valores e preceitos, e isso é errado. Não se trata de retornar aos valores hipócritas de antes (que ainda são vigentes nas sociedades, infelizmente). Se trata apenas de respeitar ao mais próximo, na esperança de ser respeitado por isto.
Liannara já havia tratado deste assunto em um post anterior... creio que na segunda teporada... o segredo da amizade entre os Culture Rangers é justamente este: nós arengamos muito uns com os outros, pois temos gostos muito diferentes e atitudes diversas perantes as coisas que a vida nos mostra. Mas, no fundo, a gente não desrespeita ninguém. É pura questão de convivência e de saber enxergar a pessoa que existe por trás do ser que está fazendo algo que você superficialmente reprove. E isso vale pra qualquer relação, pra qualquer pessoa.
A Liannara continua sendo chata, chata, chata (o "cruel" foi adendo dela). Mas eu adoro a Coisa do mesmo jeito!
Minha mãe me ensinou direitinho, e a vida também tem a sua cota. E as suas mães?

Tom

Um comentário:

  1. Acontece que é muito mais fácil julgar...
    Ainda bem que amigos não fazem isso.
    Estamos caminhando pra melhor, Tom, acredite. São reflexões como essa que nos impulsionam pra frente, basta faze-las.

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